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  • Writer's pictureRaquel Duarte

ENTRE IDEALIZAÇÕES, COMPARAÇÕES E IDENTIFICAÇÕES

Ah, o ideal. Como nós seres humanos sofremos quando nos relacionamos com ele. Criamos narrativas, alimentamos pequenos monstros internos, nos angustiamos imaginando que coisas ou pessoas podiam ser diferentes e atribuímos a essas mudanças imaginárias a nossa felicidade. Muitos dos nossos traumas tem a ver com isso que idealizamos. Quantos planos frustrados por aquilo que não saiu conforme o planejado. Entre o ideal e o real tem um mundo de possibilidades.

Idealização e comparação andam de mãos dadas. Quando me angustio e me paraliso diante de um trabalho que não consigo fazer porque sei que não vai ser o melhor do mundo é porque em algum lugar existe a crença que alguém conseguiu. Se sofro porque o meu pai não foi um bom pai, esse sofrimento existe porque supostamente existe um bom pai. Mas o que exatamente faz um bom pai, o que torna um pai “bom”? Às vezes basta ouvir da minha vizinha "meu pai era excelente, me buscava todos os dias na escola" e pronto, eis um primeiro elemento que faz de um pai, “bom”. E aí sofremos: meu pai nunca me buscou na escola, não foi um bom pai. Mas será que o pai da vizinha era perfeito? Era esse ideal todo? E se ele foi, será que a mãe da vizinha era? Ah, a vizinha não teve mãe. Pronto. A vizinha também não tem tudo, a vizinha também é incompleta, como eu. Agora posso me angustiar com outra coisa, idealizar outra coisa, comparar outra coisa…

Mas será que o problema está em se comparar? Será que é possível controlar algo que se pensa de forma tão natural? Talvez sim, talvez não… Mas a grande questão é: quando for se comparar procure fazer direitinho, por mais de um ângulo que te permita ver que nenhum ser humano é ideal, mas sim real e por ser real incompletos.

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